quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Psicogênese da escrita

Os estudos de Emília Ferreiro e sua expressiva contribuição à educação.

E. Ferreiro defendeu a importância do aprendiz ser exposto ao mundo da escrita, a partir da participação em práticas sociais de leitura e escrita, uma vez que a alfabetização é de natureza conceitual e não perceptual como se pensava. Nesta visão, foi possível ampliar o meio onde se dá a aprendizagem retirando da escola a responsabilidade pela alfabetização dos alunos, ou seja, o ensino das letras, sílabas e palavras, deixou de ser tarefa exclusiva do educador.

Dificuldades de aprendizagem, será?

As crianças que não aprendiam de acordo com a expectativa do professor eram consideradas problemáticas, imaturas ou com dificuldades de aprendizagem, necessitando de intervenção específica.

Os estudos de E. Ferreiro, nos permitem acompanhar todo o processo de escrita construído pela criança, bem como as hipóteses que elabora à medida que se desenvolve. O que anteriormente foi considerado um problema nos casos em que se acreditava que a criança escrevia palavras sem sentido, com omissão de letras, tornou-se uma importante descoberta para os pais e professores.

E. Ferreiro chamou a atenção para a importância do ambiente – que deve ser alfabetizador – devido a oferta de oportunidades e de acesso à escrita, diferenciando as crianças entre si. Crianças com mais estímulo e motivação tem maiores chances de construir melhor seu processo de escrita, sem que se constitua um problema para as crianças com menos possibilidades. Ocorre que em decorrência do que foi dito acima, não há déficits, apenas oportunidade!

Ambiente alfabetizador, não se constitui apenas com a decoração da sala que apresenta palavras, frases, versos, mas por meio da mediação do professor com seus alunos, respeitando o momento de cada um.

Os níveis estruturais da linguagem escrita podem explicar as diferenças individuais e os diferentes ritmos dos alunos. Segundo Emília Ferreiro são:

Nível Pré-Silábico - não se busca correspondência com o som; as hipóteses das crianças são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. A criança tenta nesse nível:

· Diferenciar entre desenho e escrita.

· Utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras.

· Reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato com as formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas hipóteses de escrita.

· Percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.

Nível Silábico - pode ser dividido entre Silábico e Silábico Alfabético:
Silábico - a criança compreende que as diferenças na representação escrita está relacionada com o "som" das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes ou vogais ou letras inventadas e repetindo-as de acordo com o número de sílabas das palavras.
Silábico-Alfabético - convivem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.

Nível Alfabético - a criança agora entende que:

· A sílaba não pode ser considerada uma unidade e pode ser separada em unidades menores.

· A identificação do som não é garantia da identificação da letra, o que pode gerar as famosas dificuldades ortográficas.